sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

AS FORTIFICAÇÕES DA ILHA DE SANTA CATARINA



Durante os anos em que fui diretor do Arquivo Histórico Militar conheci muitos investigadores de todos os cantos do mundo. Uma parte significativa era constituída por investigadores brasileiros, que vinham à procura das suas raízes. Fiquei amigo de alguns, entre os quais não posso deixar de destacar os arquitetos Mário Mendonça de Oliveira, da Universidade da Baía e Roberto Tonera, da Universidade de Santa Catarina. Há no Arquivo uma joia da fortificação da Ilha de Santa Catarina, manuscrito de José Correia Rangel, com data de 1786. Os dois nunca desistiram até conseguirem fazer uma edição fac-similada e devidamente comentada e anotada, que veio a publicar-se em 2011, com o apoio da Universidade Federal de Santa Catarina e de outros mecenas.

Embora eu já tivesse deixado o Arquivo havia um tempo, fizeram questão que eu escrevesse o texto de Apresentação, o que fiz, assim como me convidaram para o lançamento, que teve lugar em Florianópolis, no dia 6 de Setembro de 2011.

Na cerimónia de lançamento do livro, um belo exemplar editorial, disse as seguintes palavras, com visível emoção:


Com os meus amigos arquitetos Mário Mendonça de Oliveira
 e Roberto Tonera, em Floripa, antes da apresentação do livro.
“Eu vim de Lisboa para participar no lançamento público desta magnífica obra. E vim porquê? Vim porque os meus amigos, Roberto Tonera e Mário Mendonça de Oliveira, me desafiaram (e insistiram) a fazer a apresentação da obra. Devo dizer que foi com emoção que aceitei o desafio.

Primeiro, porque, como director que fui do Arquivo Histórico Militar de Lisboa, me habituei a admirar os tesouros ali guardados, de entre os quais sempre se distinguiu este “Códice de Santa Catarina”.

Segundo, porque presenciei o entusiasmo que os dois organizadores desta obra que agora publicamos evidenciaram, quando conheceram o original do “Códice”.

Eu julgo que o “Códice”, qual talismã, ficou selando uma amizade que se prolongou em outros interesses e em outras actividades. E tenho esperança que se prolongue ainda em outros projectos.

Quando desempenhamos uma função pública, por mais modesta que ela seja, o nosso contentamento provém, não apenas do grau de satisfação daqueles que servimos, mas também dos projectos que conseguimos concluir. Por isso, ao constatar que uma pequena parte deste livro resultou da minha participação, em cumprimento das tarefas que o serviço público me impunha e que assumi com entusiasmo, não posso deixar de colocar nesta minha presença em Florianópolis toda a emoção que resulta do dever cumprido.

Ultrapassando o sentimento pessoal, gostaria de transmitir a todos a gratidão do Exército Português, que aqui represento, pela excelente obra realizada, que prestigia os seus organizadores e as instituições apoiantes.

Eu digo no texto de Apresentação que “um povo que não preserva a sua memória, não merece os seus antepassados, nem a sua História. Fica à deriva, sem perceber que a História lhe dá certezas, que os antepassados lhe apontam rumos, que a memória lhe assegura uma alma. Em vez de se empenhar em caminhar, confunde-se à procura do caminho. Recorre a experiências estranhas, em vez de pensar com os pensamentos dos seus avós”.

Aqui estamos na sessão de lançamento do livro na UFSC,
com Mário Mendonça de Oliveira no uso da palavra.
Acrescento agora que são actos destes que nos reconduzem ao verdadeiro rumo, pela oportunidade que nos dão de sentirmos o que foi o esforço, a valentia, a persistência daqueles que aqui viveram muitos anos antes de nós. Reconhecer o seu empenho reconcilia-nos com a nossa História comum, fazendo-nos crer que as tarefas de hoje são bem mais simples do que as dos nossos esforçados avós.

Por isso gostaria de vincar uma mensagem que já deixei na Apresentação, e que é esta: se nós, portugueses e brasileiros de hoje, compreendermos a dimensão da nossa riqueza de memórias comuns, será fácil enfrentarmos os desafios do nosso futuro, construindo novos baluartes para a defesa do património que nos aproxima – a história, a língua e a amizade.

Muito obrigado”.



Brevemente publicarei aqui o texto da Apresentação deste livro.


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